quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sons e Línguas - O Fazer Missões através da Tradução da Bíblia em Poesia


Abaixo segue o texto do Folheto Sons e Línguas, da Missão ALEM, que descreve de modo singelo o trabalho do missionário-tradutor de Bíblias. Leremos esse texto dividindo-o em duas partes, fazendo sempre comentários sobre o Cumprir o Ide através da ações por trás da Tradução da Bíblia.

Capte um som,
Guarde-o na memória,
Contemple seus aspectos,
Calcule suas vibrações,
Analise seu contexto,
Chame-o com um nome,
Desenhe seu formato,
Registre-o na história,
Com um novo som.
Recomece toda a trajetória,
Com um novo som.

É um trabalho artesanal, alguém já mencionou. Encontrar um grupo sem escrita (ágrafo), viver entre eles, aprender seus sons, suas convenções sociais, a expressar nossos sentimentos através de sua forma de ver o mundo! O gravador, o caderno de anotações, canetas, lápis - esses são alguns dos companheiros de um linguista quando ele não está convivendo diariamente com o povo a quem ele está dedicando sua vida a fim de lhes conceder o dom da escrita.

Escreva os Sons 
(O aspecto linguístico)
Coloque-os em Uso 
(O aspecto da produção escrita)

Difícil? Sim. Impossível? Não.
Os versos que você acabou de ler são uma descrição poética do que um linguista da ALEM faz quando aprende uma língua ágrafa.
Eventualmente os sons ficam conhecidos, seu sistema registrado e a língua aparecem pela primeira vez em forma escrita.
Em vários locais, equipes da ALEM vivem e trabalham com povos nativos, muitos dos quais nem sabiam que as suas línguas podiam ser grafadas. 
No Brasil, há mais de 170 povos indígenas. Muitos estão prestes a perder a sua identidade linguística, mas se seus idiomas fossem escritos, eles teriam uma maneira concreta de preservar e propagar a sua cultura, seus valores e sua cosmovisão. 
À medida que aprender a ler e escrever na língua materna, ganham mais auto-estima e orgulho de sua herança cultural.

Após algum tempo de trabalho árduo, a língua chega a possuir a sua forma escrita, mas a “mochila” ainda comporta nenhum livro.
Não há nada na língua materna para o povo ler! Colocar os sons no papel é só o primeiro passo. A equipe da ALEM, que está aprendendo a falar a língua, recebe ajuda de especialistas em Educação para junto do povo produzirem literatura na língua nativa que seja culturalmente apropriada.
Livrinhos de leitura que abordam temas de seu interesse, como etnohistória, etnociência, matemática, saúde começam a aparecer e a ocupar o espaço daquela “mochila”.
A ALEM colabora com alguns programas de educação bilíngue intercultural. A Alfabetização na língua materna é peça importante no trabalho com os adultos e crianças. Quando eles aprendem, ensinam aos outros. Assim que são alfabetizados na própria comunidade, eles são incentivados a colaborar na produção do próprio material de leitura e ensino. A ALEM realiza oficinas sobre produção de literatura e ilustração para ajudar no processo. Nosso alvo é habilitar o povo indígena para as escolhas que haverá de fazer, a fim de dirigir seu ensino e seu próprio destino.

O foco principal é dar a Palavra de Deus aos povos que não a possuem; sem, no entanto, destruir-lhes a cultura, os elementos básicos que lhe fazem ser o povo que são. Muitos erros foram cometidos no passado não só pelas instituições missionárias, mas também pelos governos e instituições não religiosas. Entretanto, quantos povos não foram salvos da extinção junto com sua língua, cultura e história por grupos como a Wycliffe  Bible Translators e instituições afins. Sem esquecer que a escrita e a literatura de muitos povos começaram através de um tradutor Bíblia. Veja a história de Cirilo, Jachiam Bifrun,  James Evans e outros. 

O Credo Linguístico da Wycliffe diz: "Todas as línguas são dignas de preservação na forma escrita através de gramáticas, dicionários e textos escritos. Isso seria feito com parte da herança da raça humana" . E mais:"Todo grupo linguístico deve ter sua língua impressa e ter alguma literatura escrita na mesma".

Grande tarefa que não é feita apenas pela capacidade ou persistência do missionário, mas por dependência a Deus, através principalmente da oração (Leia a postagem A Vida de Oração do Tradutor de Bíblias - Parte 1). São palavras de William Carey, "Espere grandes coisas de Deus, faça grandes coisas para Deus". Antes de tudo, fazer grandes coisas para Deus é reconhecê-lo em oração e rogar-lhe que nos use para sua glória. Então, nós...

 
OUVIMOS E APRENDEMOS A LÍNGUA DO POVO



 
TRANSCREVEMOS OU DAMOS UM ALFABETO A ESSE POVO

ENSINAMOS O POVO A LER SUA LINGUA



terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Juvenco (SécuIo IV) - Tradutor da Bíblia em Versos

Seu nome completo era Caio Vécio Aquilino Juvenco (em latim, Caius Vettius Aquilinus Juvencus). Ficou conhecido por ser o primeiro poeta épico cristão a versificar em latim os quatro evangelhos.

O que sabemos de Juvenco vêm das citações ou narrações de Jerônimo em seus escritos:

"No tempo de Constantino, o prebístero Juvenco escreveu em versos a História de Nosso Senhor e Salvador. Realizou isso sem diminuí-la em nenhum momento, mesmo quando versificar as majestosas frases do evangelho" (Epístola a Magno, Jerônimo)

"Juvenco, espanhol de nobre ascendência, presbítero, compôs quatro livros, versificando os quatro evangelhos quase literalmente nos moldes hexâmetros. Os sacramentos também foram escritos nesse mesmo metro poético" (De viris ilustribus, Capítulo 84, Jerônimo) 

Os Evangeliorum libri são um poema dividido em quatro livros, totalizando 2.219 hexâmetros. No prólogo de sua obra, Juvenco afirma sua intenção de cantar os feitos salvíficos de Cristo, o dom de Deus aos homens.

O primeiro livro narra a vinda de João Batista, o Nascimento de Jesus e seus feitos até o começo de sua vida pública. O segundo, os milagres e as parábolas são contemplados. O terceiro continua a narração dos milagres e das parábolas e o quarto termina com a Paixão e Ressurreição de Cristo.

Traduzido e adaptado por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 21 de janeiro de 2012, às 20:40 horas

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Por que Deus inspirou textos difíceis? Parte II

INTRODUÇÃO
Na primeira postagem com esse título, apresentamos a defesa de que há tantos textos de fácil quanto de difícil interpretação nas Escrituras. Pedro foi nosso porta-voz nessa questão (2 Pe 3:15-16). Agora, queremos apresentar duas das quatro razões por que Deus inspirou textos difíceis. Nossa discussão é baseada principalmente em anotações do livro "Irmãos, Nós Não Somos Profissionais", do pastor e escritor John Piper (2009:115). 

DESESPERO
Paulo declara em 1 Coríntios 2:14 que: "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente." Todos nós deprovidos da obra do Espírito Santo não passamos de homens naturais, carentes da glória de Deus (Rm 3:23).

Na declaração paulina, ressaltamos três fatores sobre nossa incapacidade inata de entender coisas espirituais:


Primeiramente, não há aceitação do que a Palavra diz - lemos como uma predisposição quase instantânea de rejeitação consciente ou não do ensino divino.


Adicione a isso, a mente do homem do século XXI assim como a de seu antecessor, e o antecessor deste e assim em uma espiral que regrede até nossos pais no Éder, inclina-se em deter a verdade pela injustiça (Rm 1:18). Ou seja, trocamos a verdade pela injustiça, pela mentira.Consideramos o que Deus diz: L-O-U-C-U-R-A! Carson (2009:70) diz: "O espírito do mundo não pode achar sentido para a cruz".(1) Ryle (2011:387) acrescenta: "Enquanto o mundo existir, a cruz será reputada como loucura pelo homem natural".(2)


Por fim, a afirmação: o homem natural "não pode entendêr-las". Não se fala de capacidade intelectual ou lógica, mas de discernimento espiritual. Não há entendimento porque o mundo não possui o Espírito de Deus. Assim ele não conhecer "que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente." (1Co 2:12).


Carson (2009:72) conta-nos um episódio que ilustra bem essa verdade:


"Lembro-me de haver dado uma cópia do Livro Cristiano Básico, de John Stott, a uma brilhante aluna de graduação na Universidade de Cambridge, vinte anos atrás. Alguns meses depois entrei em contato com ela, para saber o que fizera com o livro. Ela disse que lera todo o livro e se mostrara tão desconfiada, que examinou realmente muitas das referências bíblicas, para assegurar-se que o autor não estava tentando incutir-lhe algo sorrateiramente. Ela chegara a uma conclusão: o cristianismo era ótimo para pessoas boas, mas não para ela


Isso não é admirável? Como uma brilhante aluna de graduação compreendia tão erroneamente o que Stott estava falando? De algum modo, nada do que ele dissera se harmonizava para ela. As coisas de Deus permaneciam como loucura para ela, porque são discernidas espiritualmente".(3)


Semelhantes ao eunuco da rainha Candace (At 8:26-40) se formos interrogados por alguém sobre o que estamos lendo, entendermos perfeitamente o sentido do texto sobre o qual nos debruçamos? Quantas vezes, o texto nos pergunta: "Entendes o que lês?" (v.30). Nosso despero ou desapontamento seria semelhante ao daquele funcionário real: "Como poderei entender, se alguém não me explicar?" (v.31).


Quando enfrentar dificuldades com os textos da Palavra de Deus, o desespero deveria ser minha primeira sensação. Mas não qualquer desespero, e sim aquele que me faça lembrar de minha dependência absoluta do auxílio divino. Piper (2009:115) acentua:



"E é isto que Deus quer que sintamos. 
É isto que Ele desencadeou ao inspirar passagens difíceis" (4)

SÚPLICA
Após sentirmos despero por não entedermos as Escrituras, o Senhor nos conduz ao vale da súplica. O salmo 119 é um cântico onde a perfeição da Palavra de Deus é destacada. No entanto, em meio a tanto deslumbre pela sabedoria ali presente, vemos orações por direção na compreensão e aplicação da Palavra na vida do leitor:



"Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos" (v. 12)

"Eu te contei os meus caminhos, e tu me ouviste; ensina-me os teus estatutos." (v. 26)

"A terra, ó Senhor, está cheia da tua benignidade; ensina-me os teus estatutos." (v. 64)

"Tu és bom e fazes bem; ensina-me os teus estatutos." (v. 68)

"Usa com o teu servo segundo a tua benignidade, e ensina-me os teus estatutos." (v. 124)

"Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo, e ensina-me os teus estatutos." (v. 135)

"Os meus lábios proferiram o louvor, quando me ensinaste os teus estatutos" (v. 171)


Quanto a oração está tão ausente de nossos períodos de leitura das Escrituras?! Willam Bridge, escritor puritano, disse: "Ler sem meditar é improdutivo; meditar sem ler é lesivo; meditar e ler sem orar em ambos é deixar de ser abençoado". (5)

Na obra, Amado Timóteo, compilada por Thomas K. Ascol, lemos: "Todo o nosso estudo deve ser transformado em oração e servir ao propósito da santificação - dos outros e de nós mesmos. Isto apenas nos lembra, novamente, da importãncia de um conhecimento prático de Deus para o nosso aprendizado teológico. [...] Somente isto já é o bastante para nos alertar da importância da oração e do Espírito Santo em nosso estudo. Na oração, mostramos nossa mais profunda dependência de Deus para a obtenção do verdadeiro conhecimento. Apenas através do Professor, do Espírito Santo, é que conseguimos o verdadeiro conhecimento e o verdadeiro conhecimento de Deus. Ambas as realidades devem permear todo o nosso método de estudo" (p. 184). (6)


Precisamos nos conscientizar de que somente rogando a abertura de nossos olhos, de nosso entendimento, poderemos contemplar as belezas da Lei de Deus (Sl 119:18) e ter o coração aquecido pela leitura, exposição e aplicação da Palavra em nossa vidas (Lc 24:27, 32)


CONCLUSÃO
Piper nos dar a honra de encerrar essa primeira apresentação de por que Deus inspirou textos difíceis, declarando: 


"Inspirando coisas difíceis de compreender, Deus desencadeou no mundo o desepero que leva à súplica - agarrando-se a Deus por auxílio". (7)


Até a última parte de nossa meditação!



NOTAS:


(1) CARSON, D. A. A Cruz e o Ministério Cristão - Lições sobre Liderança Basedas em 1 Coríntios.  São José dos Campos: Editora Fiel, 2009. 174 p.

(2) RYLE, J.C. Meditações no Evangelho de Lucas. São José dos Campos: Editora Fiel, 2011. 397 p.
(3) CARSON, Ibidem.
(4) PIPER, John. Irmãos, Nós Não Somos Profissionais - Um apelo aos pastores para ter um ministério radical. São Paulo: Shedd Publicações, 2009.
(5) Bridge apud Whitney, p. 92. In: WHITNEY, Donald S. Disciplinas Espirituais para a Vida Cristã. São Paulo: Editora Batista Regular. 333 p.
(6) DUNCAN, Ligon. Continue Estudando, in: ASCOL, Thomas K. Amado Timóteo - Uma Coletânea de Cartas ao Pastor. São José dos Campos: Editora Fiel, 2005. 316 p.
(7) PIPER, Ibidem.

Veja também:


1. Por que Deus inspirou textos difíceis? Parte 1

2. Bíblia - Uma Bússola para todas as horas
3. Onde encontrar ajuda na Bíblia - Parte 1

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Tour pelo Blog Gramática Teológica - Parte I

 A FÉ VEM PELO OUVIR



Na seção Leitura e Estudo da Bíblia, procuro oferecer aos leitores de nosso blog material que lhes auxilie em uma melhor compreensão e aplicação da Palavra de Deus em suas/nossas vidas. Para isso, realizaremos periodicamente um tour visando à descoberta de recursos valiosos que devem ser compartilhados com todos. 


Iniciamos, então, com o site/link A Fé Vem Pelo Ouvir - você já deve ter lembrado de um recurso homônimo da Sociedade Bíblica do Brasil.. No entanto, aquele material é independente do homônimo oferecido pela SBB.

Faith Comes by Hearing - como é chamado originalmente - tem como missão: "Gravar e usar na língua do coração dos povos Áudio-Bíblias que poderão ser usadas em reuniões nas igrejas e também como melhor forma de fazer discípulos de toda nação, tribo, língua e povo" (1).

Dados do site ONUBr em setembro de 2013 afirmam:

"De acordo com dados divulgados neste mês, ainda que o número de analfabetos tenha diminuído na última década em 150 países, 774 milhões de adultos – pessoas com mais de 15 anos – continuam sem saber ler. Desse total, 64% são mulheres. Entre os 123 milhões de analfabetos de 15 a 24 anos, 76 milhões são do sexo feminino." (2)

Para cumprir a Grande Comissão, Faith Comes By Hearing empenha-se "em alcançar as nações com a Palavra de Deus em áudio, oferecendo a Bíblia em um formato que irá se conectar com 50% da população analfabeta do mundo".(3)



COMO TUDO COMEÇOU

Nos anos 70, enquanto fazia trabalhavam como missionário entre os índios Hopi, etnia indígena norteamericana, Jerry e Annette Jackson descobriram uma sala cheia de belas, e não utilizados, Bíblias na língua materna desse povo. Devido ao analfabetismo, essas Bíblias não eram úteis aquele povo. Os Jacksons, então, se perguntaram:

"Se as pessoas não sabem ler, como podem conhecer as Escrituras e receberem a Cristo como Salvador?"
Dança das Mulheres Hopi

Esta família fundou o projeto Hosana em 1972 com o objetivo de compartilhar a Palavra de Deus. Morgan, seu filho, se juntou à equipe em 1983 e tornou-se vice-presidente sênior em 1991. Em resposta à direção de Deus, o ministério tem se concentrado em fornecer a Palavra de Deus para as pessoas pobres e analfabetas em um formato culturalmente relevante para elas. 



Pedidos para gravar a Bíblia nas línguas indígenas do Haiti e Peru foram a inspiração para o Novo Testamento no formato áudio-drama . Desde então, A Fé Vem Pelo Ouvir tornou-se o maior produtor da Bíblia em Áudio no mundo. (4)

Se entendermos a palavra nação como indica a palavra grega ethnos, isto é, "grupo de mesma língua e povo", e não as fronteiras políticas de um país, teremos, segundo alguns ministérios de tradução e distribuição mundial da Bíblia, 6.809 etnias ou nações no mundo. Essa concepção nos mostrará que o conceito etnia atravessa muitas fronteiras políticas. (5)

O site disponibiliza material gratuito nas principais línguas do mundo (segundo o ponto de vista econômico), no entanto também em belíssimas e desconhecidas línguas como o amhárico, yoruba ou zapoteca. Há também há kits pagos em sua loja virtual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

(1) http://www.faithcomesbyhearing.com/who-we-are, acesso em 13 jan 2014, às 19h48.
acesso em 13 jan 2014, às 19h49.
(3) http://www.faithcomesbyhearing.com/who-we-are, acesso em 13 jan 2014, às 19h48.
(4) http://www.faithcomesbyhearing.com/history, acesso em 15 jan 2014, às 22h15.
(5) http://www.faithcomesbyhearing.com/who-we-are, acesso em 15 jan 2014, às 22h30.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Péter Juhász, o Tradutor-Botânico (1532-1572)

Péter Juhász (Méliusz) (ou Méliusz Péter Juhász - na cultura húngara o sobrenome da pessoa antecede seu nome) nasceu em 1532 ou 1536 no Condado de Tolna (Hungria). Foi escritor, botânico, pastor, erudito e o maior reformador da igreja húngara.  

Completou seus estudos em Tolna e Sárvár, onde foi inicialmente luterano e depois tornou-se calvinista ou reformado. Recebeu o grau de Mestre na Universidade de Wittenberg em 25 de outubro de 1556.

A partir de 1558, tornou pastor em Debrecen e logo começou a expor as doutrinas calvinistas. Traduziu para a língua húngara os livros de Jó e Reis (em Debrecen 1565) e o NT (em Szeged, 1567). Desta última obra não resta nenhuma cópia. 

Também escreveu uma obra sobre botânica, Herbarium,  a  primeira descrição de ervas medicinais húngaras (Veja a primeira figura abaixo). Teve uma vasta obra que incluía sermões,  exposições doutrinárias, cânticos eclesiásticos didáticos (Veja a figura 2). Veio a falecer em 1572 em Debrecen.



Traduzido, adaptado por Marcos Paulo da Silva Soares
Acesso em 13 de janeiro de 2014, às 17:30
Usado com permissão

Acesso em 13 de janeiro de 2014, às 17:42

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Por que Deus inspirou textos difíceis?

Essa postagem é formada por anotações do capítulo homônimo encontradas no livro "Irmãos, nós não somos profissionais", do pastor e escritor John Piper. Ela constitui uma introdução ao assunto que quero trabalhar durante algum tempo: Por que Deus inspirou textos difíceis? Para melhor leitura e reflexão, dividimos essas breves anotações. Que Deus abençoe a você com o texto abaixo. Abraço e boa leitura!

Você já se deparou com a explicação de que entenderímos mais a Bíblia se "fôssemos mais espirituais, e mais dóceis" (p. 115)? Isso é parcialmente verdadeiro. Nas páginas do Santo Livro, encontramos pessoas a que julgamos bem mais espirituais que nós e, ainda sim, dizem não entender certos trechos. De quem estamos falando? Simplesmente do apóstolo Pedro que está incluído no seleto grupo de autores abençoados por Deus com a graça da Inspiração em duas obras: 1a. e 2a. Epístolas de Pedro.

"e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles." (2a. Pe 3.15-16)

Ao abordar esse tema, poderíamos perguntar: "Mas, Senhor, por que não escreveste tua Palavra de forma mais simples, para todos podermos entender tudo, de uma primeira sentada de leitura?". Pedro, conforme observa Piper (Ibidem), afirma quatro verdades sobre a Inspiração das Escrituras, no contexto da passagem, das cartas paulinas especificamente. Estas verdades precisam ser (re-)afirmadas a fim de respondermos a questão que intitula essa postagem.

Primeiramente, o que Paulo escreve é fruto da "sabedoria que lhe foi dada". Nessa construção verbal, o agente da voz passiva está omisso. No entanto, como Wallace (p. 435-437) declara há, pelo menos, oito motivos por que o agente da passiva, a pessoa por trás da ação, seria omitida em uma frase, e uma delas é "O agente oculto da ação está frequentemente óbvio no contexto ou na pré-compreensão de um público leitor" (Ibidem, p.435). Os autores vétero e neotestamentário escreveram guiado por Deus.

Em segundo lugar, os escritos paulinos estão no mesmo nível das Escrituras do AT: "em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles". No trecho em destaque o argumento de Pedro é: as cartas paulinas são deturpadas como as demais Escrituras. Indiretamente, ele diz: o que Paulo escreve também é inspirado como o AT e que aqueles escritos sofrem deturpações como estes. 

Para aqueles que questionam isso, afirmando ser isso um exagero de Pedro, é bom lembrar que Paulo possuía uma opinião parecida sobre a atualidade da Inspiração em seus dias quando compara trechos da Lei com ditos do Senhor Jesus: "Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário". Na primeira parte em destaque, Paulo cita Dt 25:4, e acrescenta uma declaração afirmando que a mesma também é Escritura, ou seja, Palavra de Deus. Para isso ele usa a expressão: "E ainda". Ele está fazendo uso de uma citação de Jesus conservada nos evangelhos de Mateus (10:10) e Lucas (10:7). Ou seja, ele põe citações de ambos os testamentos em pé de igualdade!

Apesar de tudo isso, havia pontos "difíceis de entender" no que ele escrevera. Deus, o perfeito Comunicador, conduziu o processo da escrita de sua Palavra e inseriu nela material que exigiria esforço para os leitores alcançarem!

Finalmente, tais pontos "difíceis de entender" já eram conhecidos pela primeira geração cristã. Então, quando nos desesperamos ao ler, estudar, fazer exegese, pregar nos textos paulinos e em outras passagens para nós obscuras (Pois é, Paulo não é o único a quem atribuímos o luxo de ser incompreensível em certos pontos!!!), estamos compartilhando da verdade contida nesse texto.

Se alguém, resolveu fechar sua Bíblia e deixar de lado seu bloco da anotações ou editor de texto, porque se deparou com um texto obscuro, é bom reabri-la e retornar às suas anotações.

Deus tem muito trabalho para nós...

Quero encerrar com as palavras de C.S. Lewis sobre as dificuldades inerentes ao que se candidatam a seguidores de Cristo:

"Deus não detesta menos os intelectualmente preguiçosos do que qualquer outro tipo de preguiçoso. Se você está pensando em se tornar cristão, eu lhe aviso que estará embarcando em algo que vai ocupar toda a sua pessoa, inclusive o cérebro. Felizmente, existe uma compensação. Aquele que se esforça honestamente para ser cristão logo percebe que sua inteligência está aprimorada. Um dos motivos pelos quais não é necessário grande estudo para se tornar cristão é que o cristianismo é em si mesmo uma educação" (Lewis apud Piper, Ibidem, p. 113).


Até a segunda parte dessa postagem!



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


PIPER, John. Irmãos, Nós Não Somos Profissionais - Um apelo aos pastores para ter um ministério radical.  São Paulo: Shedd Publicações, 2009.
WALLACE, Daniel B. Greek Grammar Beyond the Basics. Grand Rapids: Zodervan.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Adoniram Judson (1788-1850)

Nascido em 9 de agosto de 1788 em Malden, Mass., E.U.A. e falecido em 12 de abril de 1850, no Oceano Índico, em alto mar, filho de um pastor congregacional, aos três anos já aprendeu a ler sozinho e aos 10 já sabia grego e latim.
Aos 16 anos, entrou na Universidade de Brown e graduou-se três anos depois - era o primeiro de sua turma. Quando jovem, tornou-se amigo de um agnóstico. A influência dessa amizade fez Judson afastar-se da fé cristã. Os ensinos de seu pai pareciam agora tolices do passado.
Viajou para Nova Iorque onde esperava trabalhar futuramente, mas isso não se concretizou. Triste e errante, uma noite hospedado em um hotel, despertou-se de madrugada devidos aos gritos vindo de um quarto vizinho ao seu.
Na manhã seguinte, procurou se informar a razão daquele lamento. A resposta foi de que se tratava de um moribundo que havia morrido em desespero. Ao perguntar sobre o nome de tal pessoa, descobriu que era seu amigo agnóstico que lhe influenciara em abandonar sua fé. Isso desencadeou em Judson uma crise que o levaria de volta a Deus.

A leitura de um famoso sermão do dr. Buchanan, A Estrela no Oriente, despertou em seu jovem coração de estudante um ardente desejo por missões. Em 1810, ajudou a criar a Junta Americana de Comissionados para as Missões Estrangeiras. Dois anos mais, ele e sua esposa eram enviados para a Índia. Ao ser proibido pelo governo indiano de entrar naquele país, rumou para a Birmânia, onde, até ver o primeiro convertido, passaram-se seis anos.

Durante esses anos, sofreram de má saúde, solidão e a morte de seu bebê. Judson foi preso e ficou encarcerado por quase seis anos. Durante esse tempo, sua esposa, Ana (Nancy), o visitava fielmente levando, às escondidas do governo birmanês, livros, papéis e notas que ele usou para traduzir a Bíblia para o birmanês.
Adotou costumes locais no evangelismo e abriu seu primeiro ponto de pregação em 1819. Fundou pouco depois uma igreja birmanesa. Também estabeleceu escolas e formou pregadores. De seus esforços, surgiu uma comunidade cristã composta de birmaneses, karens e outras nacionalidades atingindo o número de 500 mil pessoas.
Algum tempo depois de sair do cárcere, sua esposa e sua filha Maria, morreram de meningite. Após isso, Judson retirou-se para o interior a fim de concluir sua tradução da Bíblia. Em 1845, retornou a seu país natal, porém o fogo ardente pela Birmânia fez com que retornasse ao Oriente, onde pouco depois faleceu. Em sua juventude disse: “Não deixarei a Birmânia até que a Cruz esteja plantada aqui para sempre”.
Trinta anos depois de sua morte, a Birmânia contava com sessenta e três igrejas, cento e sessenta e três missionários e mais de sete mil convertidos.
João 1:1-8 em birmanês
(A leitura dos caracteres é da esquerda para a direita.)
P.S.: Ouça a história desse missionário clicando no link: Heróis da Fé, de Orlando Boyer: Adoniram Judson.

Sons e Línguas - O Fazer Missões através da Tradução da Bíblia em Poesia

Abaixo segue o texto do Folheto Sons e Línguas, da Missão ALEM, que descreve de modo singelo o trabalho do missionário-tradutor de Bíblia...